ECONOMIA

Brasileiro terá que trabalhar até dia 29 só para pagar tributos; MT já arrecadou mais de R$ 23 bilhões

Por Da redação MTeconômico
Publicado em 28-05-2025 às 11:01hrs
Estudo mostra que 40,82% da renda dos brasileiros são destinadas à impostos, taxas e contribuições. Arrecadação no estado aumentou quase 10%
Brasileiro terá que trabalhar até dia 29 só para pagar tributos; MT já arrecadou mais de R$ 23 bilhões

O contribuinte brasileiro terá que trabalhar até o dia 29 de maio de 2025 exclusivamente para pagar tributos. A constatação é do novo estudo elaborado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), que analisa a incidência de impostos, taxas e contribuições sobre a renda, o consumo e o patrimônio do cidadão brasileiro. O levantamento indica que a carga tributária efetiva sobre os brasileiros está, para esse ano de 2025, em 40,82%, o que representa 149 dias do ano dedicados apenas ao pagamento de tributos.

De acordo com a análise, o peso dos tributos na vida do cidadão brasileiro se mantém elevado, mesmo com pequenas variações ao longo dos anos. Para se ter ideia, em 2003, esse percentual era de 36,98%, chegando a ultrapassar os 41% em diversos momentos da década passada. Em 2025, os 149 dias de trabalho exigidos para quitar as obrigações fiscais equivalem a quase cinco meses inteiros, repetindo o número de dias do ano anterior, levando-se em conta que 2024 foi ano bissexto (366 dias), sendo que, no período base do estudo, tivemos o impacto da reoneração da folha de salários e o aumento recente do ICMS em dez estados.

“É estarrecedor constatar que, mesmo após décadas de altas cargas tributárias, se exigem quase cinco meses de trabalho do brasileiro só para custear o Estado. O pior é que, mesmo com essa elevada arrecadação, o cidadão não vê esse dinheiro retornar em serviços públicos de qualidade”, critica o presidente executivo do IBPT, João Eloi Olenike.

MATO GROSSO – Para os mato-grossenses o cenário não é nada diferente. De 1º de janeiro a 27 de maio (ontem), a arrecadação gerada pelo pagamento de impostos somava R$ 23,68 bilhões, quase 10% acima do registrado em igual intervalo do ano passado, quando o painel do Impostômetro marcou R$ 21,68 bilhões.

Conforme o IBPT, a composição da carga tributária, do rendimento médio do contribuinte evidencia que os impostos sobre o consumo ainda são os que mais penalizam a população: representam 22,73% da renda, no período pesquisado, ou seja, 83 dias de trabalho. Já os tributos sobre a renda – como o Imposto de Renda Pessoa Física consomem 15,06% da renda, equivalentes a 55 dias. Os impostos sobre o patrimônio, como IPTU, IPVA, ITCMD e ITBI, representam 3,03% da renda e demandam 11 dias. Somados, esses tributos totalizam os 40,82% e os 149 dias.

O estudo também apresenta recortes por faixa de renda. Os cidadãos com rendimentos mensais de até R$ 3.000 trabalham até o dia 29 de maio para pagar seus tributos, assim como quem tem renda média de R$ 6.500. Já os que recebem entre R$ 3.000 e R$ 10.000 (classe média) trabalham até o dia 22 de maio. Por outro lado, os contribuintes com rendimentos superiores a R$ 10.000 precisam trabalhar até 5 de junho, em função da maior incidência de Imposto de Renda em seus ganhos.

Ao analisar o cenário internacional, o IBPT também converteu a carga tributária em relação ao PIB, dos países da OCDE em número de dias trabalhados. O Brasil aparece em 14º lugar, com 122 dias, atrás de nações como Alemanha (143), Itália (151) e Dinamarca (153). Apesar da diferença de carga bruta ser aparentemente menor, o grande diferencial é a qualidade dos serviços públicos prestados.

“Cobramos como países desenvolvidos e entregamos serviços como os de nações em desenvolvimento. O Brasil tem um sistema regressivo, ineficiente e que pune mais quem ganha menos. A Reforma Tributária aprovada no Congresso Nacional tem a obrigação de ser simples, justa e transparente, promovendo um melhor desenvolvimento social, para tirar o país dessa situação lamentável em termos de retorno ao bem-estar social da população”, reforça Olenike.

Entre os fatores que impactaram a carga de 2025 estão o aumento das alíquotas modais de ICMS, especialmente sobre combustíveis e comércio eletrônico internacional, por meio do Programa Remessa Conforme. Além disso, o retorno gradual da contribuição previdenciária patronal – que antes era substituída por alíquotas sobre a receita bruta para setores específicos – também passou a valer a partir de janeiro, já com reflexos detectados no período-base do estudo (maio de 2024 a abril de 2025).

O histórico apresentado pelo IBPT mostra que, em 1970, os brasileiros trabalhavam, em média, 76 dias para pagar tributos – ou seja, menos da metade do tempo exigido atualmente. A média por década cresceu substancialmente: foram 102 dias nos anos 90, 138 nos anos 2000, 141 nos anos 2010 e 151 dias na atual década, revelando um aumento contínuo e preocupante. “Trabalha-se hoje mais que o dobro do que se trabalhava nos anos 70 apenas para sustentar o Estado”, conclui Olenike.

METODOLOGIA – O estudo considera três faixas de renda – até R$ 3.000, entre R$ 3.000 e R$ 10.000, e acima de R$ 10.000 mensais – e faz a ponderação da carga tributária incidente sobre renda, consumo e patrimônio. A base de cálculo abrange o período entre maio de 2024 e abril de 2025, incluindo tributos federais, estaduais e municipais, como IRPF, INSS, ICMS, IPI, ISS, IPVA, IPTU, taxas diversas e contribuições. O rendimento médio foi utilizado como referência especial, nesse trabalho. O número de dias trabalhados foi calculado a partir da proporção entre esse rendimento e o total de tributos pagos. Dados internacionais foram baseados em estudos da OCDE (2023) e adaptados para conversão em dias trabalhados com base na fórmula: Carga Tributária/PIB x número de dias do ano.

 

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