Na capital mato-grossense, Cuiabá, ao menos três bairros têm potencial para serem transformados em espaços que reúnem empreendedores da economia criativa, setor que representa mais de um por cento do PIB Estadual (Produto Interno Bruto). Essa vocação é estudada pelo Serviço de Apoio às Micros e Pequenas Empresas em Mato Grosso (Sebrae/MT), que acaba de retornar da missão técnica em economia criativa na Colômbia (realizada de 11 a 21 de agosto). O grupo visitou distritos criativos localizados em Medellín e Bogotá, cidades antes conhecidas pela violência, mas agora se tornaram referência internacional para o setor de economia criativa.
Lélia Brun, diretora Superintendente do Sebrae/MT, liderou o grupo formado por empresários, agentes públicos e integrantes dos Sebraes São Paulo e Pará. Ela explica que durante os dez dias de atividades, eles realizaram diversos estudos e observações práticas adotadas nas cidades colombianas.
“Tivemos a chance de explorar as riquezas culturais de Medellín e Bogotá, vivência no qual nos permitiu presenciar os resultados positivos que a economia criativa pode causar, a sua capacidade de transformar um território. Esse mergulho nas vibrantes iniciativas da Colômbia, nos forneceu mais conhecimentos e incentivo para elaborarmos novas ações voltadas para o nosso capital intelectual, uma das bandeiras que nós [Sebrae Mato Grosso] já promovemos”, descreveu a Superintendente do Sebrae/MT.
Com o propósito de desenvolver ações em prol da economia criativa em Mato Grosso, o Sebrae/MT aproveitou para estudar modelos de negócios, que podem ser desenvolvidos em Cuiabá. Regiões como o Centro da capital e bairros como o Pedra 90 e Coxipó, são alguns espaços com potencial para serem transformados em “Distritos Criativos”.
“Esta é a primeira vez que realizamos uma missão internacional voltada à economia criativa e o nosso objetivo foi conhecer dois programas de distritos criativos, que é uma estratégia de desenvolvimento local, onde existe a possibilidade de regeneração urbana, de articulação dos pequenos empreendimentos locais para reconfigurar aquele determinado espaço”, explica Felipo Abreu, gestor de Economia Criativa do Sebrae/MT.
Medellín e Bogotá ficaram internacionalmente conhecidas pelo protagonismo na reconstrução e ocupação de espaços antes dominados pelo narcotráfico. “A Colômbia ganhou dois prêmios internacionais e já conta com quase 20 anos de experiência com distritos criativos, onde ela [economia criativa] reconfigurou essas duas cidades. Bogotá e Medellín são reconhecidas internacionalmente como cidades criativas da música”, destacou o gestor.
A experiência da Colômbia pode ser uma fonte para o Mato Grosso. De acordo com Felipo, a economia criativa representa 1,2 % do PIB de Mato Grosso.
“Existe um potencial enorme ainda a ser trabalhado para várias áreas. Estamos falando de música, teatro, artesanato, todos são segmentos com potencial. Só que para a gente articular e pensar essa cadeia produtiva, de uma forma eficiente, precisamos pensar a cidade”, observou Felipo, que integrou o grupo de aproximadamente 20 pessoas.
Dessa forma, os distritos criativos surgem como alternativa para solucionar problemas vivenciados no Centro Histórico de Cuiabá, e em algumas regiões periféricas da Capital, que ao invés de serem sinônimos de abandono e violência poderão se tornar produtos com potenciais criativos e econômicos.
“O Centro de Cuiabá, que tem uma característica de artes múltiplas, podemos falar de teatro, artesanato e cinema, por exemplo. O local poderia ser pensado ou reconfigurado como um distrito criativo. Outros espaços que observamos são as regiões do Coxipó e do Pedra 90, onde temos algumas associações de arte e cultura que são vinculadas a negócios de impacto social. Nada impede que o Pedra 90, por exemplo, seja pensado como um distrito criativo de impacto social, que permita reunir todos os serviços e todos aqueles parceiros que fazem esse lugar de trabalho, o que pode gerar pequenos empreendedores do segmento, o que fortalece a economia local”, citou.
Uma das características dos territórios criativos é possibilitar que empreendedores de segmentos parecidos [ex. música e cinema] estejam reunidos em um mesmo local. A proximidade permite benefícios sociais e econômicos.
“É uma mudança completa de chave, porque as pessoas passam a ser mais participativas daquele movimento, a cidade passa a ser ocupada de uma forma diferente e tudo isso se dá quando repensamos a forma de cuidar e desenvolver esses locais”, pontua Felipo.
De volta à Cuiabá, a diretoria Superintendente do Sebrae Mato Grosso declarou que está mais preparada para colocar em prática todo conhecimento adquirido na viagem. “Trago comigo muitos aprendizados e inspirações que certamente serão aplicados em nosso trabalho aqui no Sebrae/MT. Acredito que podemos explorar ainda mais o potencial da economia criativa em nossa região, incentivando a formação de novos empreendedores e apoiando projetos culturais e criativos”, finalizou.
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