São sete horas da noite e os olhares atentos dos jovens e adolescentes do Grupo de Siriri Flor de Atalaia aguardam pelo início do espetáculo. Em poucos minutos eles serão imersos em uma história repleta de significados e resgastes históricos. O roteiro inicia na Praça Bispo Dom José. São cerca de uma hora repleta de curiosidades, gargalhadas, gritos e muita troca entre os artistas. Durante o passeio noturno promovido pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado de Mato Grosso (Sebrae/MT) na 13ª Feira do Empreendedor, o grupo teatral Tibanaré percorre as principais vias do centro histórico de Cuiabá. As lendas que cercam o Morro da Luz, a Igreja São Benedito, o Cemitério da Piedade, a Igreja da Boa Morte e a Praça da República são contadas por quatro personagens.
Trinta e dois integrantes do grupo Flor de Atalaia foram convidados pelo Sebrae/MT para fazer parte desta experiência. Chama a atenção a conexão gerada entre artistas de diferentes formatos culturais. Foi uma ação de arte para quem produz arte e a estudante de história e membro do grupo visitante, Natally Camile, descreve como inesquecível e fundamental o trabalho desenvolvido na programação de economia criativa durante a Feira do Empreendedor.
“Para mim foi uma experiência de outro mundo porque eu sou uma pessoa apaixonada por história e a forma com que eles contaram foi muito importante. Eu tenho um professor que sempre fala que quem continua a contar as histórias esquecidas e as que não são consideradas importantes são resistência. Aquelas pessoas, aqueles atores que fizeram este espetáculo sobre a história de Cuiabá, são pessoas que lutam para que esse apagamento não aconteça. É um espetáculo, uma coisa que enche os olhos e é uma resistência histórica”, afirma a estudante.
A presidente do Siriri Flor de Atalaia, Cristina Zuita, explica que o grupo surgiu há 10 anos com o intuito de apenas dançar o siriri em grupo, mas que, em pouco tempo, o projeto cultural foi crescendo, criando forma e atraindo jovens da região do Parque Atalaia, na Capital. “São muitas crianças e jovens envolvidos nesse projeto. Passar o saber e tradição da nossa cultura é o objetivo do nosso trabalho. Essa ação do Sebrae/MT foi muito importante para todo o grupo porque nunca tínhamos feito o passeio noturno e também trabalhamos com arte. Essa questão do patrimônio, da música, do resgaste histórico, tudo isso nos guia e conhecer mais sobre as igrejas e lendas da nossa capital foi único. Agradecemos o Sebrae/MT porque aqui pudemos conhecer a nossa história”, descreve.
O passeio noturno é um exemplo da articulação da memória afetiva da cultura da Baixada Cuiabana como um produto de experiência. “Nele, as pessoas podem ver e sentir parte da nossa história a partir de um produto criativo criado por grupo maduro e potente como o Grupo Tibanaré”, explica Felipo Abreu, gestor do Núcleo de Economia Criativa da Gerência de Desenvolvimento Territorial do Sebrae/MT.
A programação de economia criativa também contou com a apresentação de artistas independentes de ritmos como blues, pop, MPB, música regional, rock e reggae. Os show cases são espaços para que as bandas apresentem repertório de suas obras e sejam avaliados por uma banca composta por produtores de Festivais Independentes do Brasil. É uma oportunidade de conexão e futura geração de negócio para abertura de mercado para além de Mato Grosso.
Felipe Abreu explica que, além de ser um espaço de conexão, o Palco do Show Case visa também apresentar ao público o que há de mais intenso e em curso na cena musical do estado. “Embora exista uma potência muito grande, o mato-grossense ainda desconhece a diversidade sonora produzida pelos vários grupos artísticos e, na Feira do Empreendedor, a proposta também está em gerar um espaço maior de conexão e integração entre os artistas e o público”, afirma.
Durante os quatro dias de Feira, 15 bandas do cenário local se apresentaram e foram avaliadas. Outros artistas mato-grossenses também estiveram no evento. Dentre as atrações da Feira do Empreendedor estavam Siriri Elétrico, Paulo Monarco e Banda, Henrique Maluf, Batalha de Rimas, Apiawa Forró Indígena, Pacha Ana, A Luiza Lamar, Banda Calorosa, Erresom, Sas Minina, Bia Trindade e Ballet de Cegos.
Atendimentos e consultorias
A Economia Criativa também contou com um espaço voltado para empreendedores que atuam no setor para apoiar temas como captação de recursos, prestação de contas em projetos culturais, desenvolvimento empresarial e muitos outros. As consultorias foram realizadas durante os quatro dias de Feira. A economia criativa é uma área que envolve 56 setores, como audiovisual, música, artesanato, artes cênicas e visuais. O setor é responsável por 1,2% do PIB de Mato Grosso, o que representa cerca de R$ 200 milhões anuais.
As ações de economia criativa do Sebrae/MT têm como objetivo o fortalecimento dos setores produtivos da cultura, a abertura de mercado e, especialmente, o fortalecimento dos agentes criativos do estado. “Pensar produtos criativos é, também, pensar na experiência. Toda a programação articulada pelo Sebrae/MT para esta feira é pautada na criação de um ambiente que conecte as pessoas aos ricos manifestos culturais e criativos que temos em nosso estado”, finaliza Felipo Abreu.
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