
Apresentei à Assembleia Legislativa de Mato Grosso o Projeto de Lei nº 1782/2025, que incorpora oficialmente a Campanha do Laço Branco à legislação estadual. A proposta adiciona dispositivos à Lei nº 10.887/2019 e estabelece que homens, instituições públicas e privadas podem participar ativamente através do uso do laço branco em vestimentas, broches e materiais de divulgação, além da promoção de ações educativas e campanhas de sensibilização.
Também destinei emenda parlamentar para realizar, no dia 10 de dezembro, às 14h, no Allure em Cuiabá, o evento “Laço Branco: Homens de respeito, respeitam”, reunindo forças de segurança, servidores públicos e sociedade civil. Esta data carrega profundo significado histórico.
Em 6 de dezembro de 1989, Marc Lépine invadiu a Escola Politécnica de Montreal, separou homens de mulheres e executou 14 estudantes de engenharia. “Eu odeio as feministas”, gritava enquanto atirava. Seu alvo era inequívoco: mulheres em espaços tradicionalmente masculinos. Não foi um ato de loucura isolada, mas manifestação extrema da rejeição à presença feminina em ambientes de poder.
Trinta e cinco anos depois, o padrão se repetiu. No Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET-RJ), Unidade Maracanã, no Rio de Janeiro, duas servidoras foram assassinadas por um colega que não aceitava liderança feminina. Como em Montreal, ocorreu em instituição técnica historicamente dominada por homens, onde o agressor explicitou sua incapacidade de conviver com mulheres em posições de autoridade.
Do horror de Montreal nasceu o movimento Laço Branco, em 1991. Homens canadenses se comprometeram publicamente a jamais cometer violência contra mulheres e a não se calarem diante dela. O Canadá proclamou 6 de dezembro como Dia Nacional contra a Violência contra a Mulher. A iniciativa chegou ao Brasil em 2001 e hoje está presente em mais de 55 países.
O princípio é fundamental: homens precisam ser protagonistas ativos, não espectadores passivos diante da violência contra a mulher. Quantos colegas testemunharam comportamentos machistas e permaneceram em silêncio? A omissão coletiva permite que a misoginia se normalize, escalando até explodir em violência extrema.
Em Mato Grosso, essa urgência é dramática. Dados da Polícia Civil apontam 51 feminicídios até 26 de novembro de 2025, superando os 47 casos registrados em todo o ano de 2024. Segundo o Observatório Caliandra do Ministério Público, mais de 70% desses crimes ocorreram dentro das residências das próprias vítimas. O ano de 2025 marca o maior número de casos desde 2020, quando foram registradas 62 vítimas. Dados oficiais revelam que 46 crianças e adolescentes ficaram órfãos apenas no primeiro semestre de 2025 em decorrência desses crimes.
Nós, homens, precisamos nos conscientizar e reconhecer nosso papel. Homem de respeito é aquele que entende que o verdadeiro poder está em proteger, acolher e valorizar as mulheres. É aquele que reconhece a inteligência feminina no mercado de trabalho, que celebra mulheres em posições de liderança, que intervém quando presencia machismo.
Precisamos desarmar futuros agressores, desconstruindo desde cedo a crença de que mulheres são inferiores. A dignidade humana não tem gênero. A competência profissional não se mede por cromossomos. O respeito não é favor, é direito.
O Laço Branco precisa deixar de ser apenas símbolo para se tornar prática cotidiana de intervenção e ruptura com a cumplicidade masculina que alimenta a violência de gênero. Este é nosso compromisso, nossa responsabilidade, nossa urgência.
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