Em pesquisa realizada pelo Serviço Apoio às Micros Empresas em Mato Grosso (Sebrae/MT) foi identificado o potencial econômico e social do Distrito de Nossa Senhora da Guia (a 16,8 quilômetros de Cuiabá). O setor do turismo foi apontado como um destaque positivo da região, porém, a falta de acesso ao crédito e de mão de obra qualificada travam o desenvolvimento local.
Segundo a diretora Superintendente do Sebrae/MT, Lélia Brun, por meio da pesquisa “Fomento ao Empreendedorismo no Distrito de Nossa Senhora da Guia”, foi possível identificar os perfis populacional e empresarial da comunidade.
“Essa pesquisa surgiu a partir de uma necessidade de identificação de ressignificar a atuação econômica e o desenvolvimento socioeconômico daquela região. A partir desses dados é possível fazer uma leitura das oportunidades – tanto de qualificação profissional, quanto de empreendedorismo -, e das informações que podem ser trabalhadas por diversas instituições, para que o local possa se tornar um polo de referência de práticas bem-sucedidas”, ressalta.
A pesquisa “Fomento ao Empreendedorismo no Distrito de Nossa Senhora da Guia” foi entregue aos representantes do Conselho Comunitário de Segurança Pública (Conseg/Guia).
“Aqui temos uma escuta do povo, uma escuta da comunidade. A pesquisa do Sebrae/MT fez uma escuta ativa, que nos deu um direcionamento para o futuro, para chegarmos no setor público ou privado e apresentar quais são as nossas necessidades, principais demandas, o que devemos fazer para fomentar a nossa economia”, explica Benedita Souza Mendes, popularmente conhecida por ‘Dona Morena’, que atua de forma voluntária na sede do Conseg/Guia.
Para o coronel do 10 Batalhão da Polícia Militar, coronel Luiz Fernando de Oliveira Dias, o levantamento do perfil socioeconômico do Distrito marca uma nova fase de atuação na região.
“A principal questão é dar perspectiva”, segundo ele, o trabalho para o desenvolvimento da região ocorre há mais de três anos. “Nós não podemos ainda falar em transformação de estrutura, mas, sim, em transformação comportamental. São oportunidades que têm gerado ações como o projeto ‘Mão Amiga – mulheres empreendedoras’, por exemplo. Com a pesquisa em mãos, podemos dizer que nós temos esperança de melhores resultados”, avaliou.
O Sebrae em Mato Grosso atua em diversas frentes com o objetivo de fomentar o empreendedorismo e promover o desenvolvimento territorial, além de realizar pesquisas para mensurar dados, para nortear os caminhos aa seguir e as práticas que poderão ser adotadas.
“Elas têm o objetivo de gerar informações estratégicas, do ponto de vista da população, e apoiar as decisões de todos os agentes transformadores (públicos e privados). A pesquisa no Distrito de Nossa Senhora da Guia, além de vir ao encontro do nosso propósito de transformar os pequenos negócios em protagonistas do desenvolvimento sustentável, ela traz fortemente nossa atuação com o Eixo Social do ESG, levando dados importantíssimos sobre o distrito e apoiando a população na busca de melhorias”, aponta Amanda Alves, analista Técnica do Sebrae/MT.
SOBREA A PESQUISA
A pesquisa apontou o turismo como grande potencial da região, porém, as dificuldades de acesso ao crédito e mão de obra qualificada, são alguns dos entraves para o crescimento.
O estudo foi realizado nos dias 28 e 29 de junho de 2023 e seguiu a metodologia quantitativa. Ao todo, 155 moradores foram entrevistados. A margem de erro é de 7%, sendo 95% de confiança.
De acordo com o levantamento, a maioria da população (71%) não possui empreendimento. Porém, 57% da população tem vontade e/ou planos de abrir seu próprio negócio, metade dos entrevistados (50%) apontam a falta de acesso ao capital e crédito como a principal dificuldade para ser dono do próprio negócio. Outras dificuldades foram falta de pessoal qualificado, (16,7%), gestão Financeira (16,7%), marketing (8,3%) e burocracia (8,3%).
Dos 29%, que se consideram empresários, boa parte atua no setor de comércio (62%) e serviços (27%). Os demais atuam com construção (7%), agropecuária e indústria, com 2% cada.
Quase 85% dos pequenos negócios no Distrito da Guia estão formalizados, sendo distribuídos em microempreendedores individuais (47,7%), microempresa (27,3%) e empresas de pequeno porte (9,1%). Durante as entrevistas, algumas necessidades foram apontadas pela população.
Segundo os pequenos empresários, para aumento de venda e/ou produção o apoio financeiro e o acesso ao crédito (33,3%) são as principais barreiras, seguido do desenvolvimento local e aumento da população (25,9%).
Outras necessidades como apoio ao empreendedorismo (7,4%), mão-de-obra qualificada (3,7%), marketing e gestão (7,4%) também aparecem no levantamento. Dos que não souberam informar o que precisam, foram 22,2%.
Turismo como grande potencial
Tanto para o empresário quanto para a população em geral, o turismo (+41%) é um dos pontos positivos do Distrito. “Para os empresários locais o principal ponto positivo do Distrito é a movimentação turística, outro ponto bastante citado também foi a tranquilidade e segurança local. Já os pontos negativos, os principais citados são os serviços públicos, como: saúde e saneamento básico”, destacou Danielle Ruiz, moradora e parceira de ações do Conseg.
Para os empresários, a segurança (35%), o comércio local (18%) e a atividade de pesca (6%) também se destacam como potencial. Já como pontos negativos estão serviços públicos (46%), dificuldade logística (21%), falta de bancos (17%) , infraestrutura e pavimentação 17%.
Quanto a capacitação, as áreas que despertam mais interesses dos moradores são vendas (26%) e culinária (15%). Empatadas, em terceiro lugar, estão: elétrica/manutenção (13%) e administração (13%). Artesanato, construção civil, estética, mercado digital, agronegócio, mecânica e confeitaria, também foram citadas.
“Tudo isso nos dá um cenário para trabalhar em diversos diversos segmentos, com economia criativa, vestuário, estética, na prestação de serviços. Agora tudo vai depender de quais serão os próximos passos”, provocou Lélia Brun.
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