Em entrevista para a Jovem Pan News, o governador Mauro Mendes reforçou suas preocupações em relação ao impacto que a reforma tributária deve trazer para Mato Grosso. O texto já passou pela Câmara dos Deputados, pelo Senado e, agora, retorna à Câmara para nova votação, com as mudanças feitas pelo Senado.
“É um texto que me preocupa não só como governador, mas como cidadão, porque o Estado de Mato Grosso é um dos estados que mais perdem com essa reforma. Ela tira de Mato Grosso e de alguns estados uma boa parte da nossa receita”, alertou.
Segundo Mauro, a reforma resultará na desoneração da cadeia produtiva, incluindo setores como o agronegócio e a mineração, o que deve impactar na perda de receita para o Estado e na dificuldade de manutenção de obras de infraestrutura, como as rodovias.
“Nós vamos ter grandes cadeias de exportação que vão deixar de pagar impostos. Quem é que vai arcar com os custos para que todo esse conjunto importante de atividades econômicas deixe de pagar? Nós temos a maior malha rodoviária entre os estados. São mais de 32 mil quilômetros. Isso demanda um custo de investimento e de manutenção”, argumentou.
Uma das armadilhas apontadas por Mauro é o grande período de transição contido na reforma e a incompreensão por parte da população. O texto só entrará em vigor a partir de 2033 e a transição completa só deve acontecer em 50 anos, o que pode dar uma falsa sensação de segurança para a geração atual, segundo o governador.
“Muitas pessoas estão deixando essa conversa de lado, porque a reforma só começa a vigorar em dez anos. A grande maioria absoluta dos brasileiros também não está entendendo muito bem o que está acontecendo. Mas tendo consciência do que está acontecendo, como governador e cidadão, é impossível deixar de manifestar minhas preocupações”, disse.
Apesar das críticas, o governador reconhece que a garantia de alguns incentivos e benefícios propostos pela reforma, como as vantagens fiscais para indústrias sediadas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, trazem efeitos positivos para Mato Grosso.
“A concentração de atividade econômica no eixo Sul e Sudeste acaba trazendo consequências para as cidades. Acredito que um mecanismo de incentivo inteligente, bem pensado e racional pode promover o desenvolvimento de outras regiões do país, como a nossa”, afirmou.
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