Pejo, autor do relatório, foi o criador do Grupo de Trabalho do MDR pensado para discutir as melhores alternativas para Cuiabá e Várzea Grande. De acordo com o ex-secretário, que é especialista em mobilidade urbana, o governo deixou de apresentar uma série de dados que levaram leigos no assunto a entenderem que a melhor opção seria o BRT. Os estudos do governo, de acordo com Pejo, desconsideram uma série de vantagens do VLT para chegar a conclusão de que o BRT seria mais barato e mais rápido, o que segundo ele seria incorreto.
O documento de 40 páginas foi apresentado ao governo por ocasião da audiência pública para discutir a troca de modal, que deve ocorrer no dia 7 de maio. É assinado por Pejo, que atualmente ocupa o cargo de chefe da Divisão Metroferroviária do Instituto de Engenharia de São Paulo e por Massimo Andrea Giavina-Bianchi, vice-presidente do Sindicato Interestadual de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários (Simefre).
Um dos pontos levantados pelo relatório é a ausência de um projeto executivo do BRT, o que implicaria na ausência de dados para comparação com o VLT. Pejo afirma que é incorreto afirmar que o BRT seria mais barato, faria o trajeto em menos tempo ou seria mais satisfatório para a população, entre outras afirmações defendidas pelo governo.
Tarifa menor
Pejo cita, por exemplo, que não foram feitos estudos específicos sobre como seria a tarifa do BRT. A chamada tarifa técnica, segundo o ex-secretário, remunera a taxa de retorno do operador privado e define o custo unitário por passageiro em cada modalidade. Outro problema estaria com a vida útil do BRT, que poderia aumentar o valor, já que o modal tem que ser substituído a cada 15 anos e ter sua bateria trocada a cada 7 anos (a bateria custa cerca de 40% do BRT).
O relatório também aponta problemas burocráticos que surgirão na troca do objeto de financiamento do contrato com a Caixa Econômica Federal, uma manobra técnica que até hoje nunca foi feita em contratos do tipo. De acordo com o ex-secretário, o fato da própria Caixa ter atestado que 70% da aplicação de recursos do VLT não pode ser readaptada para utilização no BRT dificulta a aprovação da mudança pelo banco.
“A inteireza das centenas de páginas e estudos apresentados não substitui a completa ausência de um Projeto Executivo, ou pelo menos um básico, para o sistema BRT, sem os quais estas informações trazidas ao debate pela presente Consulta Pública não passam de dados ou pensamentos, meros ‘estudos funcionais’, desprovidos de suficiente base técnica”, conclui o relatório.
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