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ECONOMIA

Especialista aponta 35 'erros' na troca do VLT para o BRT

Por Lázaro Thor Borges
Publicado em 03-05-2021 às 00:04hrs
Um relatório elaborado pelo ex-secretário nacional de Mobilidade Urbana do Ministério de Desenvolvimento Regional, Jean Carlos Pejo, apontou 35 ‘erros’ cometidos pela equipe técnica do governo do Estado que decidiu pela troca do Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT) pelo Bus Rapid Transit (BRT).
Especialista aponta 35 'erros' na troca do VLT para o BRT

Pejo, autor do relatório, foi o criador do Grupo de Trabalho do MDR pensado para discutir as melhores alternativas para Cuiabá e Várzea Grande. De acordo com o ex-secretário, que é especialista em mobilidade urbana, o governo deixou de apresentar uma série de dados que levaram leigos no assunto a entenderem que a melhor opção seria o BRT. Os estudos do governo, de acordo com Pejo, desconsideram uma série de vantagens do VLT para chegar a conclusão de que o BRT seria mais barato e mais rápido, o que segundo ele seria incorreto.

 

O documento de 40 páginas foi apresentado ao governo por ocasião da audiência pública para discutir a troca de modal, que deve ocorrer no dia 7 de maio. É assinado por Pejo, que atualmente ocupa o cargo de chefe da Divisão Metroferroviária do Instituto de Engenharia de São Paulo e por Massimo Andrea Giavina-Bianchi, vice-presidente do Sindicato Interestadual de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários (Simefre).

 

Um dos pontos levantados pelo relatório é a ausência de um projeto executivo do BRT, o que implicaria na ausência de dados para comparação com o VLT. Pejo afirma que é incorreto afirmar que o BRT seria mais barato, faria o trajeto em menos tempo ou seria mais satisfatório para a população, entre outras afirmações defendidas pelo governo.

 

Tarifa menor

Pejo cita, por exemplo, que não foram feitos estudos específicos sobre como seria a tarifa do BRT. A chamada tarifa técnica, segundo o ex-secretário, remunera a taxa de retorno do operador privado e define o custo unitário por passageiro em cada modalidade. Outro problema estaria com a vida útil do BRT, que poderia aumentar o valor, já que o modal tem que ser substituído a cada 15 anos e ter sua bateria trocada a cada 7 anos (a bateria custa cerca de 40% do BRT).

 

O relatório também aponta problemas burocráticos que surgirão na troca do objeto de financiamento do contrato com a Caixa Econômica Federal, uma manobra técnica que até hoje nunca foi feita em contratos do tipo. De acordo com o ex-secretário, o fato da própria Caixa ter atestado que 70% da aplicação de recursos do VLT não pode ser readaptada para utilização no BRT dificulta a aprovação da mudança pelo banco.

 

“A inteireza das centenas de páginas e estudos apresentados não substitui a completa ausência de um Projeto Executivo, ou pelo menos um básico, para o sistema BRT, sem os quais estas informações trazidas ao debate pela presente Consulta Pública não passam de dados ou pensamentos, meros ‘estudos funcionais’, desprovidos de suficiente base técnica”, conclui o relatório.

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