Até março de 2023, 88,2% da população brasileira com cinco anos ou mais havia tomado pelo menos duas doses da vacina contra a Covid-19 — e, com efeito, completado o esquema primário de imunização. O percentual confirmou que o país esteve próximo da meta estabelecida pelo Ministério da Saúde, de 90% de cobertura vacinal. A vacina continua sendo a principal medida de combate ao vírus e foi incluída no Calendário Nacional de Vacinação Infantil desde 1º de janeiro de 2024.
Os dados são do módulo sobre Covid-19 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), realizada em convênio com o Ministério da Saúde e divulgada nesta sexta, 24 de maio, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre as pessoas com 18 anos ou mais, 92,3% tomaram duas doses ou mais, enquanto para a população de 5 a 17 anos o percentual foi de 71,2%.
Estima-se que 55 milhões de pessoas tiveram, ao menos uma vez, Covid-19 confirmada por teste ou diagnóstico médico até o primeiro trimestre de 2023. Isso significa um percentual de 27,4% da população de cinco anos ou mais no Brasil, com maior proporção entre mulheres (29,1%%) do que entre homens (25,7%).
“Perguntamos para as pessoas se elas tiveram Covid-19 a partir de três perguntas”, detalhou Rosa Dória, analista da pesquisa. “Se ela teve algum teste positivo, tanto PCR quanto de antígeno; se recebeu diagnóstico médico, sem ter tido a confirmação por teste (situação comum no início da pandemia, com escassez de teste); e se ela considera que teve Covid, por autopercepção”, explicou. Quando incluída a opção da “autopercepção”, o total dos que tiveram ou consideram que tiveram Covid sobe para 34,3%.
Ainda para o total de pessoas que tiveram Covid-19 confirmada ou consideram ter tido, foi perguntado o número de vezes em que isso ocorreu. Observa-se que a grande maioria teve a doença uma única vez (67,2%), enquanto 31,4%, duas vezes ou mais. Na área urbana, o percentual de pessoas que desenvolveram a doença por duas vezes ou mais (31,9%) foi maior do que o observado na área rural (26,6%).
Entre as regiões, a Centro-Oeste (35,6%) e a Norte (33,0%) apresentaram os percentuais mais altos de pessoas que tiveram a doença duas vezes ou mais, e a Nordeste, por sua vez, registrou maior proporção de pessoas que a desenvolveram apenas uma vez (70,6%).
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NENHUMA DOSE — Apenas 3,4% dos adultos de 18 anos ou mais não tinham tomado nenhuma dose da vacina até o momento da pesquisa, percentual que sobe para 14,8% entre crianças e adolescentes de 5 a 17 anos. Entre as pessoas com cinco anos ou mais não vacinadas até o primeiro trimestre de 2023, mais de um terço (33,7%) alegou ter “medo de reação adversa ou de injeção”.
Entre as crianças e adolescentes, o “medo” correspondeu ao maior percentual (39,4%), seguido por “não acha necessário, acredita na imunidade e/ou já teve covid” (21,7%) e “não confia ou não acredita na vacina” (16,9%). Entre todas as pessoas entrevistadas, 26,3% disseram “não confiar ou não acreditar na vacina”; 24,2% responderam “não acha necessário, acredita na imunidade e/ou já teve covid”; e 5,1% alegaram motivos de “recomendação por profissional de saúde”.
“No caso das crianças e adolescentes, é possível que tal decisão tenha sido dos pais ou responsáveis”, ressaltou Rosa. Entre os adultos, o motivo mais citado foi “não confia ou não acredita na vacina” (36%). Mostraram-se também importantes as alegações: “medo de reação adversa ou de injeção” (27,8%) e “não acha necessário, acredita na imunidade e/ou já teve covid” (26,7%).
Para quem teve ou considera que teve Covid-19, também foi perguntado sobre a ocorrência de sintomas: 89,7% tiveram sintomas, enquanto 10% foram assintomáticos. Adicionalmente, 4,2% das pessoas que tiveram ou consideram que tiveram Covid-19, além de apresentar sintomas, precisaram ser internadas. “É possível relacionar a ocorrência de internação com a vacinação, lembrando que o objetivo da imunização é a proteção contra a forma grave da doença. Verifica-se que, entre os não vacinados, o percentual de internados foi maior do que entre vacinados”, pontuou a analista.
Entre as pessoas que não haviam tomado nenhuma dose da vacina quando tiveram ou consideram que tiveram covid-19 pela primeira ou única vez, 5,1% precisaram ser internadas; entre as que haviam tomado uma dose, 3,9% precisaram ser internadas; e entre as que haviam tomado duas doses ou mais, 2,5% precisaram ser internadas.
Entre as pessoas que tiveram (ou consideram que tiveram) covid-19, 23,0% relataram a permanência ou surgimento de sintomas após 30 dias, percentual maior entre adultos de 18 anos ou mais (24,7%) do que entre crianças e adolescentes de 5 a 17 anos (7,3%)
Entre os sintomas mencionados, cansaço/fadiga foi o mais frequente (39,1%), seguido por perda/alteração de olfato e paladar (28,8%); dor no corpo, muscular (mialgia) ou nas articulações (28,3%); e problema de memória/atenção ou dificuldade na fala com (27,1%).
COM TODAS — Entre as pessoas com 5 anos ou mais de idade que tomaram alguma dose de vacina contra a doença, mais da metade (58,6%) disseram ter tomado todas aquelas recomendadas para si até o primeiro trimestre de 2023, com maior proporção entre moradores das áreas urbanas (59,5%) do que entre moradores das áreas rurais (51,8%) e maior proporção entre mulheres (60,4%) do que entre homens (56,5%).
Na análise por grandes regiões, destaca-se, novamente, a Sudeste com o maior percentual de pessoas vacinadas com as doses recomendadas (64,5%). As regiões Sul, Centro-Oeste e Nordeste apresentaram percentuais próximos (56,9%, 55,4% e 55,2%). Por outro lado, apenas 43,8% das pessoas dessa faixa etária na Região Norte tomaram o número de doses recomendadas, sendo esse percentual ainda menor na área rural (37,9%).
Com relação à faixa etária, os percentuais de pessoas de 5 a 17 anos e de 18 anos ou mais que tomaram todas as doses recomendadas foram similares na Região Sudeste; maior entre os adultos nas regiões Norte e Nordeste; e maior entre as crianças e adolescentes nas regiões Sul e Centro-Oeste.
PELO MENOS UMA DOSE — Até março de 2023, 93,9% da população com 5 anos ou mais (188,3 milhões de pessoas) haviam tomado pelo menos uma dose de vacina contra a covid-19. Entre os homens, 93% (90,8 milhões) tinham tomado pelo menos uma dose, percentual que sobe para 94,8% entre as mulheres (97,5 milhões).
Nas áreas urbanas, 94,2% (164,2 milhões) das pessoas de cinco anos ou mais tomaram pelo menos uma dose de algum imunizante contra a covid-19, enquanto nas áreas rurais esse percentual foi 92,3% (24,1 milhões). O Sudeste, região mais populosa do Brasil, registrou a maior proporção de pessoas de 5 anos ou mais com, pelo menos, uma dose de vacina (95,9%), seguida das regiões Nordeste (94,0%); Sul (93,1%); Centro-Oeste (91,0%); e Norte (88,2%).
A pesquisa investigou também os motivos pelos quais 38,6% das pessoas que iniciaram o esquema vacinal não haviam tomado todas as doses recomendadas. Os principais motivos alegados foram “por esquecimento ou falta de tempo” (29,2%), seguido por “não acha necessário, tomou as doses que gostaria e/ou não confia na vacina” (25,5%), que, juntos, representaram 54,7% do grupo em questão. Motivações como “está aguardando ou não completou o intervalo para tomar a próxima dose” (17,5%) e “medo de reação adversa ou teve reação forte em dose anterior” (16,5%) também foram frequentes.
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