“Com 9 anos iniciou uma manchinha bem pequeninha no olho, na nuca e no joelho. Em questão de um mês eu já estava toda pintadinha. Até a gente descobrir, depois de um ano e meio, que era realmente o vitiligo”, contou a modelo e participante do reality show.  

Após a entrada de Natalia no programa, muito se debateu sobre o vitiligo nas redes sociais e diversas pessoas demonstraram possuir pouco conhecimento sobre a doença que, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) atinge mais de um milhão de brasileiros.  

O que é o vitiligo?  

Os dermatologistas especialistas em vitiligo da Clínica de Vitiligo e membros da Global Vitiligo Foundation, Patrícia Paludo e Paulo Luzio, explicaram que a doença é caracterizada pela perda de coloração da pele e mucosas, podendo também ocasionar o aparecimento de pelos e cabelos brancos.  

“A doença tem caráter genético e é influenciada fortemente por fatores de estresse e pode surgir em qualquer idade”, contaram.

Os dermatologistas reforçaram que o vitiligo não acomete outros órgãos além da pele, mas pode estar associado a doenças de tireoide, além de não ser uma doença transmissível.

O vitiligo é uma doença autoimune e não existe uma cura para o quadro, apenas tratamentos capazes de estabilizar a progressão da doença e pigmentar as manchas, no entanto, novos pontos de despigmentação podem surgir no corpo.

Os dermatologistas explicam que existem tratamentos com base em medicamento oral, cremes, sol ou fototerapia e até mesmo injeções medicamentosas. Existem casos em que a cirurgia de transplante de melanócitos pode ser indicada.  

Quais os tipos de vitiligo?  

O vitiligo pode ser classificado de acordo com os locais do corpo onde as manchas aparecem. Existem as seguintes classificações:

Focal: manchas pequenas em uma área específica do corpo. 

Segmentar: manchas distribuídas unilateralmente, apenas em uma parte do corpo. 

Acro facial: manchas nos dedos e em volta da boca, dos olhos, do ânus e genitais. 

Mucosal: manchas somente nas mucosas, como lábios e região genital. 

Comum: manchas no tórax, abdome, pernas, nádegas, braços, pescoço, axilas e demais áreas acro faciais. 

Universal: manchas espalhadas por várias regiões do corpo. 

Problemas aos pacientes 

Patrícia Paludo e Paulo Luzio explicam que as manchas provenientes do vitiligo não afetam em nada a saúde dos pacientes. A única questão é que a pele se torna mais sensível a queimaduras.  

Os especialistas ainda contam que pacientes com vitiligo possuem menos chances de desenvolver câncer de pele, estômago, rins, pulmões, intestino grosso e reto, nos homens. Enquanto nas mulheres diminui a chance do desenvolvimento de câncer no ovário, intestino grosso, reto, peritônio e retroperitônio. 

Tanto em homens quanto em mulheres são aumentadas em 20% as probabilidades de desenvolver câncer de tireoide. Além disso, a incidência de hipotireoidismo e hipertireoidismo também são maiores. 

O preconceito  

Os especialistas em vitiligo relatam que grande parte dos pacientes sofrem muito com problemas de autoestima devido às manchas que surgem no corpo. “Eu tinha vergonha, tampava, usava muita maquiagem”, conta a participante do BBB.  

Os médicos ressaltam ainda que diversos pacientes já relataram situações de preconceito, onde pessoas trocam de lugar no ônibus e até mesmo evitam apertar as mãos. E por isso reafirmam a importância de uma pessoa com vitiligo estar em um programa de rede nacional, para desmistificar questões sobre a doença e mostrar que não existe problemas em ter vitiligo.  

“Eu decidi encarar de peito aberto. Essa sou eu, é assim que eu quero que as pessoas me vejam e é assim que as pessoas vão ter que me respeitar”, afirmou Natalia Deotado em seu vídeo de apresentação no BBB 22.