Segundo dados do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas em Mato Grosso (Sebrae/MT), entre janeiro e maio deste ano, mais de 28 mil microempreendedores individuais (MEI’s) foram inscritos no Estado. Os números mostram um crescimento de 3,7% no número de novos negócios em 2023, ante o mesmo período do ano passado, quando foram registradas 27 mil MEIs. A alta é vista como a concretização do segundo maior sonho dos brasileiros: ter o próprio negócio.
O interesse em empreender evoluiu após a pandemia e se mantém em alta no país, e Mato Grosso se consagra como um dos estados que contribui efetivamente para essa crescente. “A pesquisa GEM de 2023 [Pesquisa Global Entrepreneurship Monitor] revelou que o segundo maior sonho do brasileiro é ter o seu próprio negócio (60%), percentual 14% maior do que o levantamento anterior (2022)”, observa André Schelini, diretor técnico do Sebrae/MT.
A pesquisa GEM é o principal estudo sobre “empreendedorismo” no mundo, com a participação de 49 países e, de acordo com ela, ‘viajar pelo Brasil’ se destaca como o primeiro maior sonho do brasileiro. A pesquisa é realizada há 24 anos e avalia tendências do mercado empreendedor.
A formalização de novos negócios segue uma tendência de alta em Mato Grosso, revelam os dados do Sebrae/MT. O levantamento mostra que em 2021, aproximadamente 25 mil MEIs foram inscritos, ritmo mantido em 2022 (27 mil) e nos primeiros meses de 2023 (28 mil).
“O número de pessoas inscritas em pequenas empresas em Mato Grosso cresce desde 2021. O aumento da formalização dos negócios demonstra que o estado tem oferecido um ambiente favorável e as oportunidades necessárias para que as pessoas possam empreender e aproveitar cada possibilidade nos territórios que estão. E, o Sebrae atua exatamente nesse sentido, para fortalecer o pequeno empreendedor”, avalia o diretor técnico do Sebrae/MT.
Em fevereiro de 2023, Grazielly Monteiro da Silva Lima concretizou o sonho de ter o próprio negócio com a ajuda do Sebrae/MT. A microempresa GG Temperos começou como uma forma de terapia para Grazielly e virou fonte de renda da família.
“Por razões de saúde, precisei me afastar da empresa que trabalhava e para não ficar sem renda, busquei formas de empreender. Aos poucos me despertou o interesse por temperos, pois sou hipertensa e busquei alternativas mais naturais. Com o tempo, percebi que na grande Cuiabá não existia um lugar que oferecesse esses produtos e busquei me aperfeiçoar”, recorda a microempreendedora.
Neste processo de criação de um novo negócio, Grazielly Monteiro e seu esposo Gonçalo Victor Rocha Campos procuraram a ajuda do Sebrae/MT. “Essa ajuda foi fundamental, porque foi por meio das consultorias e mentorias que aprendemos sobre precificação do produto, percentual de vendas, revenda, marketing, comunicação. No Sebrae/MT tivemos um processo de aprendizado completo e perdemos aquele medo de iniciar algo novo”, destaca Grazielly, que já planeja expandir os negócios. “Hoje nosso principal objetivo é ter um local próprio para a produção”, finaliza.
O Sebrae/MT tem como missão institucional transformar o pequeno negócio em protagonista do desenvolvimento sustentável. “O segundo maior motivo de o brasileiro querer empreender é que ele quer transformar o mundo, fazer ações de impacto social. Isso para nós é muito produtivo, pois se formos relacionar ao tema imperativo do momento internacional (sustentabilidade), o brasileiro é o principal motivador para transformar por meio do empreendedorismo de impacto, de transformar a realidade”, comenta André Schelini.
Mato-grossenses querem empreender
A cada dez atendimentos realizados pelo Sebrae/MT, três são de pessoas que querem abrir seu próprio negócio, apontam dados levantados pela instituição.
Nos primeiros cinco meses de 2023 (jan-mai), o índice ‘potencial empreendedor’ ficou em 30% e apresenta estabilidade ante o mesmo período do ano passado (36%). Conforme analistas do Sebrae, o aumento das formalizações (3,7%) no mesmo intervalo pode ter influenciado no recuo de 6 pontos percentuais (p.p.) desse potencial.
Enquanto o número de abertura de novas empresas cresce em Mato Grosso, a taxa de potenciais empreendedores no estado manteve-se estável em 30%. De acordo com a Pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM – 2023), empreendedores potenciais são a parte da população adulta (entre 18 e 64 anos) que não é empreendedora, mas que deseja ser em até três anos.
No último levantamento da GEM, o Brasil se destacou como a segunda maior taxa de empreendedorismo potencial (53%). A estimativa é que 51 milhões de brasileiros estabeleçam algum negócio nos próximos três anos, atrás apenas da Índia, com 115 milhões.
“Neste universo [51 milhões] estão pessoas ainda em período de formação acadêmica ou escolar. Trata-se de uma parcela da população que pensam em abrir um negócio e não estão propriamente vinculadas a um negócio já estabelecido – formal com CNPJ”, esclarece André Schelini, diretor técnico do Sebrae/MT.
Em Mato Grosso, a expectativa de abertura de novos negócios se mantém em alta em 2023. Conforme o Sebrae/MT, entre janeiro e maio deste ano foram realizados mais de 63 mil atendimentos. Dentro deste número, quase 22 mil eram de pessoas que desejam empreender.
“Sobre o ponto de vista da atividade econômica, mostra que o estado tem um ambiente favorável para as pessoas empreenderem, o que é um ponto positivo para nós, pois o Sebrae está conseguindo contribuir positivamente para essas pessoas que querem empreender e transformar a realidade da comunidade em que vive”, conclui o diretor técnico.
De acordo com o relatório da pesquisa GEM, o empreendedorismo é qualquer tentativa de criação de um novo empreendimento (formal ou informal), seja uma atividade autônoma e individual, uma nova empresa ou a expansão de um empreendimento existente. Sendo assim, a atividade empreendedora se inicia antes mesmo da criação do negócio.
Pesquisa GEM
O Relatório da Global Entrepreneurship Monitor (GEM) é realizado pelo Sebrae e pela Associação Nacional de Estudos em Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas (Anegepe). Em 2022, participaram 51 países (50 países no ano anterior).
No Brasil, duas mil entrevistas foram realizadas com a população adulta de 18 a 64 anos, entre junho e agosto de 2022. O levantamento segue metodologia internacional e padrão do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de pesquisa de campo.
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