Se estivesse vivo, Dante de Oliveira completaria 73 anos nesta quinta-feira (06.02). O político cuiabano, um dos principais ícones do movimento Diretas Já, é até hoje conhecido por sua atuação na defesa da redemocratização do Brasil. Em abril de 1984, a emenda de sua autoria, que propôs o restabelecimento das eleições diretas para presidente, foi votada no Congresso Nacional. Apesar de não ter sido aprovada, a mobilização em torno da proposta foi determinante para o fim do regime militar no país.
Naquele mesmo ano, Dante concedeu uma entrevista ao jornal Correio Braziliense, conduzida pelo jornalista Luccy de Oliveira, correspondente em Cuiabá. Em homenagem à trajetória do político, o PNB Online relembra a conversa, publicada sob o título “Oposição não procura vingança”, que revela um político jovem, mas convicto da necessidade de uma mudança estrutural no país. Aos 32 anos, o deputado federal já era visto como uma das principais lideranças da oposição ao regime militar.
“Somente um presidente com respaldo popular terá condições de comandar o povo brasileiro para a formação de uma nova nação, instalando efetivamente um governo democrático de fato e de direito”, afirmou na ocasião.
Na entrevista, Dante também destacou a importância de um sistema eleitoral transparente, que garantisse a segurança do voto. Muito semelhante às urnas eletrônicas atuais, ele menciona um projeto de sua autoria para a criação de um sistema eletrônico de apuração no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com ramais nos estados, a fim de evitar fraudes.
(Foto: Arquivo Hemeroteca Digital)
“Em qualquer dia que você fosse ao TSE, através dos programas do computador, poder-se-ia saber quantos eleitores haveria nesse dia em Mato Grosso, por exemplo”, explicou.
A coragem, a posição firme contra o governo militar e contra o enfraquecimento das instituições também ficam evidentes ao longo da entrevista. Dante classificou o presidente João Figueiredo como “um fantoche nas mãos de Delfim Netto [um dos signatários do Ato Institucional nº 5, o AI-5] e dos grupos multinacionais” e afirmou que “um presidente que, numa crise dessas, fica contando os dias para sair, é um irresponsável”.
Sobre a resistência dos militares às eleições diretas, Dante rechaçava as comparações com a Argentina e defendia que o Brasil tomasse um caminho próprio para a democracia. “Aqui teve o processo de anistia, que significa perdão. Creio que a gente deve esquecer o passado e partir para a construção de uma nova nação, dentro de um governo democrático”.
Dante de Oliveira faleceu em 6 de julho de 2006, aos 54 anos, 22 anos após esta entrevista. A morte se deu em razão de complicações de uma sepse causada por pneumonia e diabetes mellitus, que resultaram em disfunção de múltiplos órgãos e choque refratário.
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