Conciliar a criação dos filhos com o trabalho é um dos principais desafios para as mães brasileiras. Muitas buscam empreender como forma de ter mais tempo de qualidade com a família e melhores oportunidades financeiras. Segundo dados da pesquisa recente do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado de Mato Grosso (Sebrae/MT) sobre ‘Empreendedorismo Feminino’, boa parte das mulheres entrevistadas conciliam a dupla jornada e são as principais provedoras dos seus lares.
É o caso da cuiabana Ivonete Guarino, que foi mãe aos 28 anos, e conta que a decisão de empreender foi tomada por uma necessidade. Para ela, a maternidade teve papel fundamental para a criação do próprio negócio e a consolidação de uma ideia inovadora.
“Eu já era consultora de cosméticos desde 2005 e trabalhava na área contábil. Em 2015 me tornei mãe e a maternidade teve um impacto muito grande em mim, pois eu pensava em como iria conciliar esses três projetos. E aí que eu decidi que abriria mão da CLT e viveria de empreendedorismo. Foi um salto de fé e coragem ali. A maternidade traz isso de fazer a gente querer ser uma pessoa melhor e eu comecei a investir muito em autoconhecimento”, relata.
Para ela, o autoconhecimento foi fundamental para o desenvolvimento de um negócio transformador. Com o apoio do Sebrae Mato Grosso, Ivonete criou o Vô Contigo, um aplicativo inovador de transporte privado para idosos acima de 60 anos. Uma ideia de negócio que surgiu da dificuldade de encontrar um meio humanizado e acessível para os pais idosos.
“Eu abri mão da CLT exatamente porque eu queria viver a maternidade da forma mais plena possível. Eu não pensei duas vezes sobre qual decisão eu tomaria. A escolha de viver de empreendedorismo era exatamente porque eu conseguia ter horários mais flexíveis e de lá para cá veio uma jornada muito interessante. O apoio do Sebrae foi fundamental no meu processo, porque eu tinha um rascunho de papel e a equipe acreditou em mim e confiou na minha ideia para que eu conseguisse realizar”, diz a empreendedora que além de consultorias, participou de diversos cursos, eventos e palestras para se qualificar.
História de superação e desafios, parecida com tantas outras mães empreendedoras, como Cristiane Luckachaki, que se tornou mãe aos 23 anos. Impulsionada pela vontade de ter maior controle dos horários e pelo anseio em ter mais liberdade, decidiu empreender no início de 2001.
“Eu sempre quis ter minha própria empresa e a maternidade me impulsionou a empreender porque acredito que a possibilidade de ter maior controle em horários beneficia as mamães empreendedoras. No entanto, isso não significa trabalhar menos, é só uma questão de ajustes. O empreendedorismo me proporcionou mais liberdade e mais tempo com a família, mas isso se deve à minha organização. Sem ela tudo tende ao caos emocional e financeiro”, comenta.
Mãe de dois filhos, Cristiane criou em Tangará da Serra a Darluck, uma fabricante de produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumaria com abordagem natural, vegana e sustentável. Para ela, são inúmeros os desafios ao lidar com a maternidade e o empreendedorismo. “Antes de sermos mães, empresárias, esposas e filhas, somos mulheres com necessidades próprias”, diz.
Ela também buscou ajuda do Sebrae/MT para se qualificar. “Além das palestras e cursos que eu fiz e faço sempre que posso, eu falo que o Sebrae tem tido um papel importante, em todos os aspectos, valorizando e apoiando nós que somos mulheres e mães”, ressalta a empreendedora.
Ambas são mães, empreendedoras e vencedoras do Prêmio Sebrae Mulher de Negócios 2023, em Mato Grosso. Com histórias inspiradoras e de sucesso, Ivonete e Cristiane representam o número relevante de mulheres de Mato Grosso que diariamente encaram o desafio de conciliar a maternidade e o empreendedorismo. Segundo dados da pesquisa do Sebrae/MT, dentre mais de 1100 mulheres entrevistadas, quase 50% delas são provedoras de seus lares, sendo que o principal sustento da família é o seu empreendimento (46%) e, deste total, mais de 35% delas são mães.
Segundo a diretora Superintendente do Sebrae/MT, Lélia Brun, dentre as pesquisadas que são mães, mais de 75% delas possuem em média dois filhos, o que demonstra um desafio ainda maior. Diante deste cenário, o Sebrae/MT atua no fortalecimento do ecossistema de empreendedorismo feminino por meio de programas voltados às mulheres que empreendem ou querem empreender.
“Por sabermos as dificuldades e desafios enfrentados pelas empreendedoras, principalmente as que conciliam carreira e família, que o Sebrae Mato Grosso busca formar um ecossistema de empreendedorismo feminino, com uma rede de apoio e de auxílio por meio de programas como o ‘Sebrae Delas’ e o ‘Força Mulher’ para quem empreende ou tem um projeto”, destaca.
Sebrae Delas
O programa trabalha os três pilares fundamentais para o desenvolvimento do empreendedorismo feminino: o ‘Eu’, que é o desenvolvimento da mulher na vida pessoal, carreira, família e outras áreas; o ‘Meu’, que envolve empresas e ideias de negócios e o ‘Nós’, que faz a conexão de mulheres empreendedoras para formar uma rede de cooperação de empreendedorismo feminino.
“As empreendedoras recebem mentorias especializadas para o desenvolvimento de habilidades como liderança, comunicação e posicionamento. Tudo isso auxilia no fortalecimento dos negócios dessas empreendedoras e são instrumentos que geram autonomia e transformam essas mulheres”, explica a diretora.
Força Mulher
O programa ‘Força Mulher’ é focado em promover a inclusão produtiva de mulheres que vivem em condições de vulnerabilidade social, o que torna o empreendedorismo ainda mais desafiador.
“Centenas de mulheres mato-grossenses se dividem em diversos papéis no dia a dia. São mulheres, mães, empresárias, filhas e irmãs e no Sebrae elas podem contar com uma rede de apoio para receber orientações, capacitações, participar de missões técnicas e, principalmente, ser encorajadas e incentivadas nesta jornada desafiadora”, disse a diretora.
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