Tereza de Benguela — Foto: Arquivo
Nesta segunda-feira, 25 de julho, é comemorado o Dia Nacional de Tereza de Benguela e o Dia da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha. Tereza é um ícone da resistência negra no Brasil Colonial e atuou no Quilombo Quariterê, em Vila Bela da Santíssima Trindade, a 521 km de Cuiabá.
"Tivemos a única mulher que foi rainha de um quilombo e que mostrou a importância e a força da mulher negra em todos os espaços desde a época da colonização", conta a presidente do Instituto de Mulheres Negras de Mato Grosso (Imune), Antonieta Luísa Costa.
Julho é o mês dedicado à mulher negra. "Vivemos uma situação de exclusão permanente. O mais importante, ao comemorar essa data é chamar a atenção da sociedade e do Poder Público. Essa invisibilidade e a falta de políticas voltadas para esse grupo precisam ser discutidas. Todas as estatísticas apontam a mulher negra em situação de vulnerabilidade. Quando se trata de inferioridade e exclusão, estamos sempre no topo", diz.
A trajetória de Tereza Benguela começou no século XVIII, quando Vila Bela era capital de Mato Grosso.
"Rainha Tereza" ou "Rainha do Quilombo", como ficou conhecida, viveu na região do Vale do Guaporé, na fronteira com a Colômbia. Após a morte do marido, passou a liderar o quilombo, que era refúgio dos africanos, resistindo à escravidão por mais de 20 anos.
Tereza comandou a estrutura política, econômica e administrativa da comunidade, enfrentando diversas batidas da Coroa Portuguesa. Ela também implantou novos modelos de desenvolvimento, como o uso do ferro na agricultura, e criou uma espécie de parlamento, em que tomava decisões para a comunidade em grupo.
O quilombo se mantinha com o cultivo de milho, feijão e mandioca, além da venda dos excedentes produzidos.
Em Quariterê, Tereza liderou a resistência às ações de bandeirantes de 1730 a 1795, quando o espaço foi atacado e destruído, a mando da capitania regional. De acordo com documentos da época, o quilombo Quariterê abrigava, na época, mais de 100 pessoas, incluindo indígenas.
Tereza de Benguela sobreviveu até meados da década de 1770, quando o quilombo foi destruído pelas forças do então governador da capitania. Alguns quilombolas conseguiram fugir e restituir o espaço, mas o local foi dizimado definitivamente em 1795.
"Rainha Tereza" foi tema de exposição do Misc de Cuiabá (MT) — Foto: Divulgação
Tereza foi morta após ser capturada por soldados e teve a cabeça exposta no centro do Quilombo.
Em 2014, foi aprovada a lei que instituiu a data de 25 de julho como o Dia Nacional de Tereza de Benguela.
Antonieta afirma que a data vem reforçar todas essas discussões. "Somos a base da pirâmide e não conseguiremos avançar enquanto não houver políticas públicas para nós", afirma.
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