Além de hábitos alimentares saudáveis, com baixo consumo de produtos processados, ricos em sódio e em conservantes artificiais, a hidratação é fundamental no combate ao inchaço. “Pela falta de ingestão de água, muitas vezes o corpo entende que o líquido está em escassez e, por isso, guarda aquela quantidade de líquido (o inchaço). Aumentando a ingestão de água e cultivando bons hábitos alimentares, o sintoma melhora”, destaca a nutricionista. Ela acrescenta que, para cada 1kg, deve-se beber 35ml de água por dia.
A nutricionista Bruna Salgado, da Clínica Viva, recomenda que, para saber se a quantidade de líquido ingerido é insuficiente, é preciso ficar atenta aos sinais que o organismo dá: “Se ainda está retendo líquido, o corpo está dando um aviso de que o consumo de água precisa ser maior. Se a pele ou a boca estão secas, se tem muita celulite, se o corpo está muito inflamado, tudo isso é sinal de que a pessoa não está ingerindo água corretamente, e o intestino não está funcionando direito”.
Padovani esclarece que também há casos de pacientes com predominância estrogênica — característica na qual a mulher tem uma produção maior de estrogênio. “Pacientes com endometriose, miomas, síndrome de ovário policístico, por exemplo, têm uma tendência maior para a retenção hídrica”, completa.
A sensação de estar com quilos a mais durante o período menstrual é uma queixa frequente. Essa percepção ocorre porque os hormônios estão mais desregulados. “Os hormônios femininos são um sistema complexo, muito influenciado por dieta, exercícios, sono, níveis de estresse e toxinas ambientais”, avalia a nutricionista.
O sintoma do inchaço também vai variar ao longo das fases — o período pré-menstrual e a ovulação são quando os níveis de hormônio estão mais desequilibrados. É comum que as mulheres sintam mais vontade de beliscar e comer alimentos concentrados em açúcar durante essa fase, o que contribuiu para a inflamação e a retenção de líquidos. “Se, durante esse período, você reduzir o consumo de alimentos que têm um alto poder inflamatório, como leite e derivados, cafeína, bebida alcoólica, açúcar e glúten, consegue ter uma TPM mais amena e, automaticamente, reduzir a retenção hídrica.”
A nutricionista explica que, somente quando ocorre a menstruação, os hormônios são regulados. “Quando o sangue desce, os hormônios regulam, favorecendo todo esse processo de circulação e coagulação e, consequentemente, melhor drenagem dos líquidos.” A recomendação da nutricionista é que chás e alimentos específicos sejam consumidos em cada fase do período menstrual com vistas a controlar o pico de hormônios.
A funcionária pública Raíza Martins, 30 anos, tem problemas de inchaço, especialmente nos membros inferiores. Durante a fase menstrual, sente que a retenção piora. Apesar de não conseguir descobrir a causa desse sintoma, ela passou a cultivar bons hábitos alimentares: “Aumentei a ingestão de água durante o dia, diminuí drasticamente a quantidade de alimentos processados e, por gostar muito de chás, comecei a fazer receitas com ervas que auxiliam na digestão e hidratação, como cavaquinha e chá de hibisco”.
O inchaço não desapareceu, mas os resultados positivos foram notáveis. “Senti muita melhora. Os meus pés, por exemplo, não ficam mais inchados no fim do dia como antes”, conclui.
Os chás são grandes aliados. Segundo a nutricionista Bruna Salgado, eles têm propriedades anti-inflamatórias e diuréticas, servindo como a “cereja do bolo” quando todo o resto parece não ser suficiente. “Eu posso estar inchada por ter consumido muitos alimentos industrializados, ricos em sódio. E aí os chás vão fazer a diurese, pegar esse sódio que está em excesso e mandar para a urina. Bebendo chá, eu aumento meu consumo de água, melhorando a diurese e, consequentemente, o inchaço”, detalha.
Bruna recomenda ainda o consumo de legumes e verduras: “Os alimentos verdes são ótimos por serem mais antioxidantes e terem muito líquido”.
Outro herói na jornada contra o inchaço é o magnésio, envolvido em mais de 300 reações enzimáticas que mantêm o funcionamento do corpo. “Estudos vêm mostrando que aumentar a ingestão de magnésio pode ajudar a reduzir a retenção de líquido. Um estudo descobriu que ingerir 200mg de magnésio por dia reduz a retenção de líquido em mulheres com sintomas pré-menstruais”, afirma Fernanda Padovani, que lista nozes, grãos integrais, chocolate escuro e vegetais verdes como boas fontes de magnésio.
Alimentos ricos em vitaminas do complexo B e manganês também são citados por ela como grandes auxiliadores do funcionamento do organismo renal e linfático: “Eles otimizam esse processo, fazendo com que a própria circulação dos líquidos fique mais efetiva”.
Mas, para Padovani, mais importante é o que não fazer para evitar retenção hídrica. “Dormir poucas horas de sono vai fazer com que o organismo trabalhe de forma mais descompensada, o que pode favorecer a retenção”, exemplifica. Ela ainda ressalta que a falta de atividades físicas favorece a retenção hídrica: “Na pandemia, esse problema se tornou mais comum, pois, antes, as pessoas tinham que se deslocar e, consequentemente, se movimentavam mais. E quanto mais tempo você fica sentado, menor a circulação periférica”, diz.
O chá de hibisco com maçã ajuda a melhorar a retenção líquida(foto: The Greenest Post/Reprodução)
1. Cavalinha com rodelas de limão
2. Hibisco com maçã
3. Chá-verde com abacaxi
4. Dente-de-leão com canela
5. Funcho com gengibre
Alimentos e chás que devem ser priorizados de acordo com a fase do ciclo menstrual
Fase 1 — do 1º ao 7º dia do ciclo: folhas verdes escuras, alcachofra, limão e chá de uxi amarelo ou urtiga.
Fase 2 — do 8º ao 14º dia do ciclo: gergelim preto, amora, ovo, castanha-do-pará, semente de girassol, abacate, tofu, uva e chá de inhame ou salsaparrilha.
Fase 3 — do 15º ao 21º dia do ciclo: inhame, cenoura, erva-doce e chá de unha de gato ou sálvia.
Fase 4 — do 22º ao 28º dia do ciclo: cereja, lichia, damasco, repolho, abóbora, cebolinha e chá de feno grego ou cravo da índia.
Fonte: Fernanda Padovani, nutricionista especializada em saúde feminina
Um protocolo natural que pode auxiliar a regulação hormonal feminina é o ciclo de sementes. “A partir do uso de alimentos específicos, podemos minimizar os impactos dos edemas, já que um dos gatilhos para essa situação seria a alteração hormonal.O ciclo das sementes consiste no rodízio de quatro sementes — linhaça, abóbora, girassol e gergelim — ao longo do mês, de acordo com a própria variação hormonal”, descreve Fernanda Padovani.
Fase folicular (1ª fase do ciclo menstrual — geralmente, vai do 1º ao 14º dia do ciclo): as sementes utilizadas são de linhaça (na forma de farinha) e/ou abóbora.
Medida: 1 colher de sopa de cada.
Propriedades: as sementes de linhaça têm alto nível de um nutriente chamado lignana, um fito hormônio que se liga nos receptores de estrógeno, regulando seu excesso ou falta. Sua ação secundária é sobre as bactérias do intestino, que convertem a lignana em enterolactona, uma substância que bloqueia os receptores de estrógenos, impedindo o excesso de seu estímulo.
Já as sementes de abóbora têm um alto teor de zinco — mineral importante para formação de hormônios e prevenção da conversão de estradiol em estrona, esse último sendo uma forma de estrógeno mais indesejada.
Fase lútea (última fase do ciclo menstrual — começa após a ovulação e vai até o último dia do ciclo): as sementes utilizadas são de girassol e gergelim.
Medida: 1 colher de sopa de cada.
Propriedades: a semente de girassol é rica em selênio e ácido linoleico. Ela auxilia na manutenção de níveis adequados de progesterona após a ovulação, mantendo a fase lútea por tempo adequado.
Já o gergelim é rico em cálcio e tem efeito anti-inflamatório, o que ameniza as dores da menstruação. Ele também conta com pequena quantidade de lignana, o que auxilia na modulação de estrógeno, já preparando para início do novo ciclo.
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Diego em 02-02-2022 ás 14:03:51hs