A vereadora Maria Avallone (PSDB) apresentou requerimento para convocar uma audiência pública na Câmara de Cuiabá para debater o fechamento das salas de atendimento às mulheres vítimas de violência e os impactos da centralização dos serviços no Hospital Municipal de Cuiabá (HMC). A iniciativa responde a denúncias sobre a precarização do atendimento no município.
Como presidente da Comissão de Direito da Mulher, Avallone informou que a audiência contará com a presença da promotora de Justiça Cláire Cavalleti, autora da denúncia que chamou atenção para as deficiências no acolhimento às vítimas de violência.
Também foram convidadas representantes das secretarias municipais da Mulher, Saúde, Assistência Social e Segurança Pública, além de assistentes sociais e demais vereadores.
“É uma vergonha o que está acontecendo. Todos os dias mulheres são assassinadas, retiradas de suas famílias. Quantas crianças estão crescendo sem suas mães? Precisamos de ações concretas e urgentes”, declarou a vereadora, ao relatar casos recentes de feminicídio.
Um dos episódios mencionados por Avallone envolveu a mulher assassinada pelo marido, um policial militar, no domingo (25). Trata-se de Gabrieli Daniel de Moraes, de 31 anos, morta a tiros pelo militar Ricker Maximiano de Moraes, que chegou a ficar foragido antes de se entregar à Polícia Civil no dia seguinte, optando por permanecer em silêncio durante o interrogatório.
A vereadora criticou a centralização do atendimento no HMC e defendeu a reabertura de salas em outras regiões da Capital. Segundo ela, a atual estrutura é insuficiente para atender a demanda e desconsidera as dificuldades de locomoção das vítimas.
“Teve uma mulher, toda ensanguentada, que tentou chamar um Uber com o filho no colo. O motorista não quis levá-la. O HMC é longe para quem está no Pedra 90, por exemplo. Não podemos aceitar que só um ponto da cidade ofereça acolhimento”, afirmou.
Durante visita recente ao hospital, a vereadora constatou que, apesar de a estrutura física estar montada, faltam profissionais suficientes para garantir um atendimento humanizado. “Uma mãe está sendo ouvida e a criança fica sozinha numa sala sem ninguém para cuidar. Isso também é violência”, pontuou.
Maria Avallone anunciou ainda que busca uma reunião com o governador Mauro Mendes (União) para pedir apoio logístico e estrutural no combate à violência contra a mulher. “Só nós, mulheres, não vamos dar conta. Precisamos do envolvimento dos homens, do Estado e da prefeitura”, frisou. Segundo ela, a pauta será levada em conjunto por toda a bancada feminina da Câmara.
Além das ações emergenciais, a vereadora defendeu investimentos em infraestrutura urbana nos bairros mais carentes como forma de prevenção à violência.
“Não é só sobre acolher após a agressão. É sobre garantir que mulheres possam sair do trabalho e chegar em casa com segurança, encontrar ruas iluminadas, praças revitalizadas, centros comunitários funcionando”, afirmou.
“A cidade está feia, abandonada, com calçadas quebradas, ruas escuras e centros comunitários dominados por criminosos. Cuiabá precisa ser um canteiro de obras de cuidado social. Enquanto isso não acontecer, vamos continuar vendo mulheres vítimas da negligência do poder público”, criticou.
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