
Cerca de 51% dos pequenos negócios brasileiros ainda afirmam não considerar vantajosa a oferta de produtos sustentáveis, segundo pesquisa do Centro Sebrae de Sustentabilidade (CSS), divulgada pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado de Mato Grosso (Sebrae/MT) durante a COP-30, em Belém/PA. O levantamento também aponta que apenas 5% de empresas do setor percebem vantagem na sustentabilidade.
Intitulado “Pequenos Negócios e as Mudanças Climáticas no Brasil: percepções, impactos e estratégias para um futuro sustentável”, o relatório busca mapear a percepção de risco, os impactos já vividos e as medidas de adaptação adotadas pelas empresas. No entanto, os dados revelam um desafio recorrente: a distância entre intenção e ação.
Para o diretor Técnico do Sebrae/MT, André Schelini, os pequenos negócios têm papel decisivo na agenda climática e na transição para uma economia de baixo carbono no país.
“Este levantamento evidencia que estamos diante de uma transição em construção. Os pequenos negócios começam a perceber riscos, oportunidades e novas demandas. Cabe a nós fortalecer esse movimento, oferecendo ferramentas que traduzam a agenda climática em resultados concretos, renda e competitividade”, pontua.
Pressões por mudanças
Quase metade das pequenas empresas (48%) não percebe pressão externa para adotar práticas sustentáveis relacionadas à agenda climática. Apenas 18% sentem cobrança de grandes clientes, 21% do poder público e 16% de bancos. Um terço afirma não sofrer pressão de nenhum desses atores.
Quanto às formas específicas de exigências, mais de 70% das empresas mencionam pedidos por produtos e serviços sustentáveis feitos por grandes clientes, metas contratuais de redução de emissões (32%), certificações ambientais solicitadas pelos compradores (19%), demandas por relatórios ambientais (21%), requisitos de cadeias de suprimentos internacionais (9%) e influência indireta de órgãos reguladores (17%).
As empresas mais jovens, com até três anos de existência, são as que mais percebem pressões externas e oportunidades relacionadas à agenda climática, indicando que já surgem alinhadas às novas demandas de mercado. Os setores do agronegócio e energia (22% e 11%) registram maior percepção de pressões por adequação às normas sustentáveis.
Para a gerente do CSS, Tássia Gonçalves, o cenário mostra ambiente pouco articulado, no qual as exigências climáticas chegam de forma fragmentada, sem se consolidarem como prioridade empresarial.
“Apesar dos desafios apontados, já existem sinais de mudança em setores e regiões mais expostas a riscos ambientais e exigências regulatórias. Empresas maiores, mais jovens e ligadas ao agronegócio, energia ou Amazônia demonstram maior dinamismo e visão de futuro”, disse Tássia. Para ela, o grande desafio é transformar a sustentabilidade em oportunidade real para micro e pequenas empresas brasileiras, estimulando inovação, bioeconomia e inserção em cadeias que valorizam práticas de baixo carbono.
O CSS como polo estratégico
Há 15 anos, o Centro Sebrae de Sustentabilidade atua como referência na elaboração de estratégias de sustentabilidade para os pequenos negócios, desenvolvendo soluções que permitam a adoção de medidas capazes de fortalecer o setor diante dos desafios climáticos.
Durante a COP-30, duas soluções foram apresentadas para apoiar a participação das micro e pequenas empresas na economia verde, entre elas o curso “Empreendedorismo para os Desafios do Clima”, disponível gratuitamente na plataforma “Trilhas de Sustentabilidade”. As consultorias e formações oferecidas pela instituição têm como um dos focos centrais a adoção de práticas sustentáveis.
A analista Técnica do Sebrae/MT, Camila Andrade, reforça o papel estratégico do CSS no avanço das micro e pequenas empresas rumo a práticas mais responsáveis. “O CSS é fundamental para traduzir a agenda da sustentabilidade em soluções acessíveis e aplicáveis ao dia a dia dos pequenos negócios. É um espaço que orienta, inspira e capacita, permitindo que empreendedores incorporem inovação, eficiência e responsabilidade socioambiental aos seus modelos de negócio. Assim fortalecemos a competitividade e impulsionamos transformações reais no território”.
Pesquisa
Para a elaboração do painel de dados, foram entrevistadas 4.039 micro e pequenas empresas das cinco regiões do país por telefone, com base no cadastro da Receita Federal, durante o primeiro semestre de 2025. A pesquisa apresenta 95% de confiança e margem de erro de 4%.
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